
Cobramor
Novo Estado Novo

Bem vindo
Ao Novo Estado Novo
Onde quem mais ordena
Não é seguramente o povo
25 de Abril:
Revoluções 1000
25 de Novembro:
Já nem me lembro
O que é uma revolução
Nem do cravo na mão
Quanto mais da liberdade
Ou o que é verdade
Foram todos para a capital
Cancelar a primavera marcelina
Era preciso um golpe fatal
Regar o gajo com gasolina
Reclamar o poder estatal
Em vez de passar vaselina
E exilar o senhor doutor
Chamem lá o Otelo
Para acabar com este flagelo
Anda cá, Emídio Santana
A ver se abrem a pestana
Tragam o Salgueiro Maia
Estou farto de ser cobaia
Da globalização e do FMI
Paz, pão, habitação
Saúde e educação
Razão tinha o Godinho
O Zé Mário e o Zeca
É fazer como o Zé Povinho
Um manguito e um pirete
Basta de fazer frete
E de lutar sozinho
Acabem lá com a bola
A ver se isto não cola logo
Já despachámos o Salazar
Mas há sempre um a atirar
as suas postas de pescada
Obedecias a vida toda
Se soubesses o que custava mandar
Dizia o António de Oliveira
Ainda cá andam os brandos costumes
No café os mesmos queixumes
As facas ainda não tem gumes
Foram-se os chaimites e os cravos
Ficaram os iphones e os escravos
Ainda se contam palavras e centavos
Podes falar, não vais preso
Mas sem dinheiro é igual
Estás indefeso como no Tarrafal
Votar é mijar contra o vento
Estava escrito no cimento
Putas ao poder
Os filhos já lá estão
E nós sem aprender
O que é direito e dever
Democracia não é esta fantasia:
Soberania do capitalismo
Trabalhar até ao cataclismo
Escolher quem nos lixa os planos
de 4 em 4 anos
Bancos, tribunais, políticos e polícias
Decidem todas as notícias
Deixem a internet, a televisão
Juntemo-nos em guerrilhas e milícias
Fazendo amor e insurreição