
Cobramor
Libação

uma palavra torna-se grito no silêncio do teu peito a luxúria empurra-me liquefeito na madrugada que desaba nos corpos raparigas serpenteando brilhantes longos cabelos ondulantes carne interrompida pelo couro
nunca tivemos tanto tempo como agora ocasião promissora paragem antes da viagem
em cada rua, um labirinto marcha ensandecida na direcção do oceano matéria desfalecida errante como a serpente desejo que irrompe, subitamente das pontas dos dedos
jovens amantes colidem na constelação do leito os velhos dividem-se, distantes emboscada na encruzilhada do sono com o apetite visões de coxas escancaradas como portões palacianos orações de membros milicianos submersos nos abrigos onde a luz fere os sentidos distante da guerra e da indigência estátuas e monumentos decadentes estrada palpitante de ódio o que fica para brindar senão toda a violência e depois o que resultar?
a nudez
o íntimo
o ínfimo
são para exibir ao firmamento
fazê-lo de forma desafiadora
se cedermos ao aborrecimento,
a qualquer hora
podemos sacrificarmo-nos a alguém