
Cobramor
Interrupção voluntária da morbidez

o que for contemplado
será estilhaçado
pela engrenagens da comunicação
será desmantelado
pelas engrenagens da perseguição
será afogado
pela incessante e imparável
defecação da multidão
é a insolência da evolução
que sutura a ilusão
ao corpo adulterado
pela cadência traidora
maquinal!
da alienada existência
despistada a uma velocidade atroz
na estrada para a derrocada,
a realidade escapa-se
numa movimentação exasperada
natureza arrastada
ao ponto do irreconhecível
perdurando o inconsumível
sem fins lucrativos
o padrão toma uma proporção agravada
o ritmo interior sucumbe
à tirania fabricada
da masturbação social
venenoso acervo visual
da inocência despedaçada
pela melhor oferta
dá-se uma aceleração perpétua
que desgraça as massas
criatura à deriva
náufrago da vivência
contranatura!
sentenciada à subserviência
nutrida em permuta
pela obediência
a intermitência publicitária
no quotidiano
engendra o ser desumano
despojado do contacto,
- do contágio à solidão -
mero corpo imaginado
sintonizado
com o tempo global
estraçalhado da tradição
de cada estação e era
possuídos pelas próprias posses
religiosidade da novidade
a pertença torna-se cerco
crença na vida solitária
o mundo sem sentido
que nos emprenha
os sentidos
sem interrupção voluntária