
Cobramor
Blitzkrieg XXI

derrotados pelo cansaço apesar da superioridade numérica condenados ao exílio apesar da ambição
nada nos poderá salvar agora de errar devastados pela noite futura chamas nas estradas negras ao longo dos impérios arruinados
a mão procura a cura na transmigração enquanto ligo o rádio para fugir à loucura da íntima detonação
fomos o precipício onde os anjos se despenharam fruto da peleja dolorosa fundo da liça amorosa confundindo-nos furtivamente na certeza noctívaga em que o jogo se reinventa espalhando os sucos pela pureza sedenta
não desisto, ouves a minha jura obstinada? cada uma, promessa enfeitiçada como a obsessão que impera na alvorada duma nova era
abandonemos o passado sem confiança repudiemos o presente sem segurança há quem reze pelo fim há quem enfim renuncie há quem se penitencie por uma nova ocasião no futuro estéril e desolado que herdámos
já não temos a ira dos jovens
perdemos a união das classes
abdicámos do ópio da religião
mas enquanto resistimos
na barricada da miséria
imagina comigo a ofensiva
ao núcleo da matéria
corrosiva